Ciência Aberta – Conceitos e definições
Para o entendimento de como a Ciência Aberta se estrutura torna-se importante considerar as várias denominações presentes na literatura que por sua vez configuram as novas tendências que estão se expandindo rapidamente nos Estados Unidos, Austrália, Canadá, Reino Unido e outros países da União Européia. Big Data, e - Research, e-Science, e-infra-estructure e outros termos como, cyber infra-estructure, e-Humanitities, todos eles referem-se às atividades de pesquisa distribuídas, colaborativas e intensivas em dados e informação.
“Ciência aberta é, por sua vez, um termo guarda-chuva, que envolve múltiplos níveis e escopos de abertura”, destacam (ABLAGI; APPEL; MACİEL, 2014) remetendo tanto a um sentido pragmático, no intuito de permitir maior dinamismo às atividades de CT&I, quanto assinalando um anseio democrático, no sentido de permitir maior abertura e participação da sociedade. Aqui os autores colocam ainda uma distinção entre e-Science e Big data, entendendo-se que a primeira é a designação mais utilizada pela comunidade cientifica que faz uso intensivo de dados, situando-se na gênese da pesquisa científica colaborativa mediante uso de recursos compartilhados, enquanto Big data se ocupa da transposição e análise de grandes volumes de dados para extrair informações de dados não estruturados, atendendo a interesses variados por parte de empresas, governos e outros públicos interessados. Entretanto, conforme ressaltam os autores, além dos aspectos tecnológicos que caracterizam essa nova forma de fazer ciência, importa considerar as “questões de ordem institucional (formais e informais)” como determinantes do “que” e do “quanto” de abertura pode ser realizado, tendo em vista o caráter aberto ou proprietário dessas práticas.
A proposta da Ciência Aberta se inicia com o movimento do acesso livre às publicações científicas que surgiu por iniciativa da comunidade cientifica na década de noventa. Torna-se radical no inicio dos anos 2000 quando o movimento do acesso aberto se intensifica e se redefine com ampla configuração, abrangendo não somente o acesso livre às publicações cientificas mas também incluindo os dados da pesquisa em que se baseiam tais publicações. Em 2013 a Comissão Europeia definiu acesso aberto como a prática de fornecer acesso online gratuito às informações cientificas que podem ser reutilizadas pelo usuário final. No contexto da pesquisa e inovação, "informação científica" pode referir-se à: (i) artigos revisados por pares (publicados em periódicos acadêmicos) ou (ii) dados de pesquisa (dados da pesquisa científica subjacentes às publicações, ou dados brutos em processo de curadoria). (EUROPEAN COMMISSION, 2013)[1].
[1] European Commission. Guidelines on Open Access to Scientific Publications and Research Data in Horizon 2020. Version 1.0,
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Literatura sobre e-science (ciência eletrônica)
Autor: ALBAGLI, S.; APPEL, A. L.; MACIEL, M. L.,
Titulo: E-Science e ciência aberta: questões em debate. In: Encontro Nacional de Pesquisa em Ciência da Informação – Enancib 2013.
Local: Disponível em: <http://enancib2013.ufsc.br/index.php/enancib2013/XIVenancib/paper/viewFile/168/362>pdf. Acesso em: 05 jun. 2014.
Descrição: O trabalho debruça-se sobre as práticas de e-Science e as questões que influenciam sua promoção como ciência “aberta”. Para além dos aspectos tecnológicos que caracterizam essa nova forma de fazer ciência, evidencia-se que as questões de ordem institucional (formais e informais) são as que mais interferem no caráter aberto ou proprietário dessas práticas. Situa-se essa questão no contexto de configuração e disputas no âmbito do atual regime de informação em C&T. O trabalho fundamenta-se em levantamento e discussão da literatura sobre o tema, que contempla tanto o debate teórico-conceitual, como relatos de estudos empíricos sobre essas experiências.
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Autor: GRAY, J.
Titulo: E-Science: a transformed scientific method. Transcrição de palestra ministrada por Jim Gray no Conselho Nacional de Pesquisa (EUA), 11 Jan. 2007. In: HEY, T.; TANSLEY, S.; TOLLE, K (Ed.). The fourth paradigm: data-intensive scientific discovery. Redmond: Microsoft Research, 2009. Editors’ Note: A descrição completa e slides de PowerPoint da palestra podem ser encontrados no Website Fourth Paradigm, incluindo questions e respostas.
Local: Disponível em:< http://research.microsoft.com/en-us/collaboration/fourthparadigm/4th_paradigm_book_jim_gray_transcript.pdf >. Acesso em: 05 jun. 2014.
Descrição: Na última palestra de Jim Gray para o Computer Science and Telecommunications (Conselho de Ciência da Computação e Telecomunicações), ele descreveu sua visão do quarto paradigma da pesquisa científica. Ele fez um pedido para o financiamento de duas coisas, de ferramentas para captura de dados, curadoria e análise, e de infraestrutura de comunicação e publicação. Ele defendeu a criação de armazens modernos para dados e documentos que sejam equivalentes as bibliotecas tradicionais. A versão editada da palestra de Jim que aparece nesse livro, que foi produzida a partir da transcrição e dos slides de Jim, cria o cenário para os artigos que se seguem. Ciência-intensiva de dados consiste de três atividades básicas: captura, curadoria e análise. Os dados vêm em todas as escalas e formas, cobrindo grandes experimentos internacionais; multilaboratório (cross-laboratory), laboratório único, e observações individuais; e vidas de indivíduos em potencial. A disciplina científica e a escala de experimentos individuais e, especialmente, suas velocidades de dados tornam a questão das ferramentas um problema extraordinário.
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Autor: GROENEWEGEN, David andAndrew Treloar.
Titulo: Adding Value by Taking a National and Institutional Approachto Research Data: The ANDS Experience. The International Journal of Digital Curation Vol 8, Issue 2, 2013.
Local: Disponível em:< http://www.ijdc.net/index.php/ijdc/article/viewFile/8.2.89/319>. Acesso em: 29 jun.2014.
Descrição: ANDS vem trabalhando para agregar valor ao ambiente de dados de pesquisa da Austrália desde 2009. Este artigo analisa as mudanças que ocorreram ao longo deste tempo, o papel do ANDS nessas alterações e o estado actual do setor de pesquisa australiano neste momento, por meio de estudos de caso de instituições selecionadas.
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Autor: HEY, T.; Stewart T.; Kristin T. (Ed).
Titulo: The fourth paradigm: data-intensive scientific discovery.Microsoft Research. Redmond, Wash: 2009.
Local: Disponível em: <http://research.microsoft.com/enus/collaboration/fourthparadigm/> pdf. Acesso em: 8 jun. 2014.
Descrição: Quase tudo sobre a ciência está mudando por causa do impacto da tecnologia da informação. Ciência experimental, teórica e computacional estão sendo afetadas pelo dilúvio de dados, e um quarto paradigma da ciência, o de "uso intensivo de dados", está emergindo. O objetivo é ter um mundo em que toda a literatura científica esteja on-line, todos os dados da ciência estejam on-line, e que eles interajam entre si. Muitas novas ferramentas são necessárias para fazer isso acontecer.
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Autor: IRWIN, A.
Titulo: Constructing the scientific citizen: science & democracy in the biosciences. Public Understanding of Science, vol.10, pp.1-18 (2001).
Local: Disponível em: <http://pus.sagepub.com/content/10/1/1.short?rss=1&ssource=mfc>. Acesso em: 11 jun. 2014.
Descrição: A relação entre política científica e opinião pública foi estudada no Reino Unido - especialmente no que diz respeito à crise da Encefalopatia Espongiforme Bovina (BSE, doença da vaca louca) e alimentos geneticamente modificados. Uma série de publicações governamentais argumentou a favor de maior diálogo público e engajamento. Nesse contexto geral, o trabalho explora a configuração da cidadania científica e do cidadão científico nos processos de política e de consulta pública. Baseando-se em exame detalhado de um importante experimento social - a Consulta Pública sobre desenvolvimentos nas Biociências - a construção social tanto da ciência quanto da consulta é considerada. Com especial atenção à elaboração de questões para o debate público, a constituição do público e da construção da cidadania, o artigo defende a necessidade de ir além da mera sloganização sobre a ciência e a democracia. A discussão é concluída com uma apresentação de tecnologias comunitárias concorrentes e uma avaliação do seu significado para a prática futura da cidadania científica.
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Autor: MEDEIROS, J. da S.; CAREGNATO, S. E.
Titulo: Compartilhamento de dados e e-Science: explorando um novo conceito para a comunicação científica. Liinc em Revista, v. 8, n. 2, jul./dez. 2012.
Local: Disponível em: <http://revista.ibict.br/liinc/index.php/liinc/article/view/488> . Acesso em: 30 jun 2014.
Descrição: Este trabalho objetiva apresentar um novo conceito que surge visando o compartilhamento de dados científicos primários: a e-Science. Este conceito nasce a partir dos novos métodos de se fazer pesquisa, onde grandes quantidades de dados científicos primários são gerados por pesquisas em diversos ramos das ciências e processados e armazenados em grandes centros de dados e repositórios responsáveis pelo gerenciamento que permita a cientistas distribuídos pelo mundo acessar e analisar esses dados a fim de reutilizá-los em suas pesquisas. Finaliza observando que a perspectiva de compartilhar dados entre cientistas pode fazer com que as possibilidades de colaboração se tornem cada vez mais reais, criando ambientes onde as viabilidades de compartilhamento de resultados de pesquisas promovam o desenvolvimento da ciência e tecnologia e permitindo que recursos sejam utilizados de forma a avançar a ciência.
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Autor: OHNO-MACHADO, L.
Titulo: To share or not to share: that is not the question. Science Translational Medicine, v. 4, n. 165, Dec. 2012. Commentary.
Local: Disponível em:< http://dx.doi.org/10.1126/scitranslmed.3004454 >pdf. Acesso em: 28 maio 2014.
Descrição: Há uma consciência crescente do poder de integração de múltiplas fontes de dados para acelerar as descobertas biomédicas. Alguns chegam a argumentar que não é ético não compartilhar os dados que poderiam ser usados para o bem público. No entanto, os desafios envolvidos no compartilhamento de dados clínicos e biomédicos são raramente discutidos. Revê-se brevemente alguns desses desafios e se fornece uma visão geral de como eles estão sendo tratados pela comunidade científica.
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Autor: SALES, L. F. SAYÃO, L. F.
Titulo: O impacto da curadoria digital dos dados de pesquisa na comunicação científica. Encontros Bibli: revista eletrônica de biblioteconomia e ciência da informação, v. 17, n. esp.2 – III SBCC, 2012 , p.118135, 2012.
Local: Disponível em: <https://periodicos.ufsc.br/index.php/eb/article/view/1518-2924.2012v17nesp2p118> . Acesso em: 8 jun. 2014.
Descrição: Oferecer acesso aos dados gerados no decorrer das atividades científicas é um desejo cada vez mais relevante para a comunidade científica. Assim como existe uma tendência mundial em dar acesso livre aos resultados de pesquisa por meio da criação de repositórios digitais e da publicação de periódicos livres, existe também uma demanda em torno do acesso livre aos dados gerados pela pesquisa científica. A importância desses dados é cada vez mais patente, visto que eles dão sustentação aos resultados que serão discutidos nas publicações acadêmicas tradicionais e podem servir de base para novos projetos. Por outro lado, o uso intensivo de computadores, de tecnologias de rede, instrumentação avançada e de simulação na pesquisa científica proporciona o surgimento de uma ciência inteiramente baseada nos fluxos de dados e de conjunto de objetos digitais armazenados em repositórios distribuídos globalmente. Essa nova forma de gerar e disseminar conhecimento é chamada de e-Science. Os dados digitais gerados a partir dessa forma de praticar ciência precisam ser tratados e gerenciados de modo que a preservação por longo prazo, o acesso, a autenticidade e o reuso para novas pesquisas desses dados possam ser assegurados. Este trabalho visa apresentar o conceito de Curadoria Digital enquanto uma nova atividade de tratamento e representação da informação que, desenvolvida de forma correta, poderá alterar o ciclo da comunicação científica. (Resumo dos autores )
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Autor: SCHROEDER, R.
Titulo: E-sciences as research technologies: reconfiguring disciplines, globalizing knowledge. Social Science Information, v. 47, n. 2, p. 131–157, June 2008.
Local: Disponível em: <http://dx.doi.org/10.1177/0539018408089075> pdf. Acesso em: 12 jun. 2014.
Descrição: Este artigo analisa as recentes iniciativas de e-ciência sob o conceito ‘tecnologias de pesquisa’. Argumenta que a pesquisa e-ciência, que faz uso de ferramentas computacionais avançadas para compartilhar recursos distribuídos através de redes, muda a natureza disciplinar da pesquisa para uma maior interdisciplinaridade e abre o caminho para a crescente globalização da pesquisa. No entanto, essas afirmações precisam ser implementadas em práticas de pesquisa concretas. Consequentemente, o ensaio apresenta três exemplos de projetos de pesquisa onde essas duas características podem ser demonstradas. De maneira mais geral, esses três projetos - análise de hiperlink das ciências sociais, física de alta energia, e astronomia - são exemplos de `tecnologias de pesquisa’ enquanto fonte de inovação radical. O artigo descreve como os três projetos ilustram esses argumentos sobre as tecnologias de pesquisa, mas também ilustra como esse conceito é limitado dado que a pesquisa e-ciência ainda está em curso. Na conclusão considera que a noção de tecnologias de pesquisa é útil para a compreensão de como as tecnologias de computação em rede estão mudando o cenário atual de produção de conhecimento.
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Autor: SCHROEDER, R.; DAVID, Paul A.; DEN BESTEN, M. L.
Titulo: Will e-Science Be Open Science? Working paper series, 14 Dec. 2008.
Local: Disponível em: <http://dx.doi.org/10.2139/ssrn.1317390> pdf. Acesso em: 03 jun. 2014.
Descrição: Este texto examina vários aspectos da "abertura" em pesquisa e procura medir o grau em que as práticas contemporâneas de "e-ciência" são coerentes com a "ciência aberta". Normas e práticas de abertura são apoiadas por serem vitais para o trabalho das comunidades científicas modernas, mas as preocupações sobre o crescimento de restrições técnicas e institucionais mais fortes sobre o acesso a ferramentas de pesquisa, dados e informação recentemente atraíram atenção - em parte por causa de suas implicações para a utilização efetiva das infraestruturas digitais avançadas e tecnologias de informação em pesquisas colaborativas. Essa discussão esclarece as diferenças conceituais entre e-ciência e ciência aberta, e relata os resultados de um olhar preliminar sobre as práticas no Reino Unido de projetos de e-ciência. Ambas as partes servem para ressaltar que é indevida a presunção de que o desenvolvimento da e-ciência necessariamente promove a colaboração científica aberta global. Como há evidente necessidade de mais pesquisa empírica para estabelecer onde, quando e em que medida a "abertura" e "a qualidade de ser digital (“e-ness") na pesquisa científica e de engenharia podem ser esperado para avançar lado a lado, foi delineado um quadro no qual um programa de estudos pode ser realizada.
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